É o adeus, digo eu… isto não vai resultar, grito em voz alta. Pego-te e amachuco-te com as minhas mãos. Amachuco-te o mais que posso. Foste confidente, escutas-te os meus segredos, as minhas ambições, os meus receios. Compartilhei contigo aquilo que não compartilhei com mais ninguém. Os remorsos, as revoltas, os ódios… tive-te sempre à mão, sempre disponível, sempre presente. Nós fazemos mais mal do que bem um ao outro.
Cada um deve seguir o seu caminho. Eu pela rua e tu por um beco qualquer... corróis-me o corpo e profanas-me a alma. Modificas-te os meus hábitos, os sítios aonde ia, passei frio, percorri quilómetros, deitei-me tarde, acordava sujo.
Todos os dias contigo eram uma derrota e no final do dia, tu fazias-me lembrar dessa mesma derrota. Agora está tudo acabado, tem que acabar. Não podemos viver assim. Eu a castigar-me por te ter e tu contente por me teres. Eu não quero mais ser teu prisioneiro. Quero sentir o aroma da liberdade, quero sentir novamente o poder de dizer que não, quero voltar a ser independente.
Não penses que vai ser fácil. Vais-me remoer na mente, o teu sabor vai-me acordar a meio da noite. Mas não vou ceder, não posso ceder, não quero ceder. E num último esforço apago a beata com o pé de encontra o chão escuro e esquecido do passeio…
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