domingo, 29 de abril de 2007

O Cachimbo


Peça bela e ímpar, 20 anos proporcionando momentos de deleite. Coloco o tabaco na fornalha, pressionando-o com o dedo, dedos esses que anseiam por te acariciar.
O fósforo acende-se e dá início ao afecto, o tabaco incendeia-se devagar, aumentando o calor dos corpos que ávidos se tocam em carícias por vezes animalescas.
Os lábios tocam ao de leve a boquilha quente pela qual se sorve a seiva da vida… o aroma doce do tabaco espalhado por todo o quarto confunde-se e cria juntamente com o odor corporal um perfume de vontades e anseios.
O toque liso e torneado do cachimbo, coxas e peitos moldados à mão de quem os acarinha, doce entrega, fatal ambição.
Degustando o tabaco, torno-me rei e servo do teu corpo. O cachimbo continua a queimar, a queimar lentamente, lentamente até se apagar por completo… agora repousa na mesinha de cabeceira, pronto e aguarda expectante por mais uma carícia, um toque, um beijo... uma palavra é pronunciada na protecção da semi-escuridão do quarto… amo-te e quero-te sempre!