sábado, 21 de junho de 2014

quinta-feira, 22 de maio de 2014

É o adeus...


É o adeus, digo eu… isto não vai resultar, grito em voz alta. Pego-te e amachuco-te com as minhas mãos. Amachuco-te o mais que posso. Foste confidente, escutas-te os meus segredos, as minhas ambições, os meus receios. Compartilhei contigo aquilo que não compartilhei com mais ninguém. Os remorsos, as revoltas, os ódios… tive-te sempre à mão, sempre disponível, sempre presente. Nós fazemos mais mal do que bem um ao outro.
Cada um deve seguir o seu caminho. Eu pela rua e tu por um beco qualquer... corróis-me o corpo e profanas-me a alma. Modificas-te os meus hábitos, os sítios aonde ia, passei frio, percorri quilómetros, deitei-me tarde, acordava sujo.
Todos os dias contigo eram uma derrota e no final do dia, tu fazias-me lembrar dessa mesma derrota. Agora está tudo acabado, tem que acabar. Não podemos viver assim. Eu a castigar-me por te ter e tu contente por me teres. Eu não quero mais ser teu prisioneiro. Quero sentir o aroma da liberdade, quero sentir  novamente o poder de dizer que não, quero voltar a ser independente.
Não penses que vai ser fácil. Vais-me remoer na mente, o teu sabor vai-me acordar a meio da noite. Mas não vou ceder, não posso ceder, não quero ceder. E num último esforço apago a beata com o pé de encontra o chão escuro e esquecido do passeio… 

domingo, 18 de janeiro de 2009

Nojistas


Após observar uma latrina conspurcada, cheguei a casa e sentei-me à secretária vergado pela vontade… tempo, tempo, tempo... parece-me faltar, ou talvez não o esteja a aproveitar… os dias passam e o descontentamento é crescente, bem como o pensamento que me martela na mente… mudança, mudança, mudança… martela a marreta da consciência. Como pode ser dolorosa a consciência, a crítica, a reflexão… dia após dia a injustiça desavergonhada, fraude clamorosa, embuste surreal, mentira descarada… “o futuro está a saque!” sussurro eu.

Enquanto uns vivem agarrados ao passado e outros tentam sobreviver no presente, existe uma espécie que saqueia o futuro. Eles não descendem directamente do Ser Humano, mas sim do bolor que floresce nos dejectos excrementosos. Eles auto intitulam-se Dirigentes, outros Lideres ou ainda Governantes. Penso que algo que se desenvolve e cresce dos dejectos excrementosos, se devia chamar Nojio. Nos tempos que correm penso mesmo que não vivemos no democratismo… pois ao inalar o seu cheiro pútrido digo alto e em bom som “vivemos no Nojismo!”

Corrente política criada pelos Nojistas, que para além de viver à conta da propaganda, da imagem, do faz que não faz e do não faz que faz. Vive ainda do sentimento fácil e da mentira de perna curta, do trabalho de muitos em prol de alguns…

A vergonha para os Nojistas é como o papel higiénico, pode sempre comprar-se mais!

Como as fezes contaminam a água imaculada dos sanitários, também os Nojistas nos contaminam com as suas dissimulações, as suas falsidades e os seus discursos diarreicos, ricos em peçonha e pobres em integridade…

Pão e circo como na Antiga Roma. Com pão e com circo, nem o fedor quente e húmido da matéria corpórea que os Nojistas expelem pela boca, vinda dos seus estômagos grandes e fartos, incomodam aqueles que dizem baixinho “não sei, nem quero saber”, “não é nada comigo”, “são todos iguais, pelo menos estes roubam, mas fizeram alguma coisa.”

Ataviados eles andam, bem montados em seus cavalos. Nação abaixo, nação acima pelas auto-estradas vai-se mais rápido, mas pouco ou ninguém se vê! Por essas belas estradas, muito se contempla e o aroma é bem mais fresco e sadio. Mas quem da trampa nasce, na trampa quer estar. Nem que para isso o trabalhador e o justo, tenham que lesar… palavras sábias as de um Velho Ancião lá para os lados do Marão.

Conta-se que os Nojistas são bom adubo para a terra… é verdade sim senhor. Desde então a terra tem sido rica em desigualdades, pobreza, miséria, injustiça, fome… diz o Velho Ancião lá para os lados do Marão que os Nojistas deitados à terra, ficam com as raízes mais profundas que um tumor. Estes sugam a esperança, a determinação, a alegria, os sonhos e em último estádio a vontade de lutar…

Só parece existir uma solução! É ter o olfacto bem apurado e o ouvido bem aguçado. E quando sentirem o odor fétido e repugnante dos Nojistas excrementosos, bem como o seu falar borbulhante e gargarejante, desconfiem!

Se te dizem “vamos dar mais”, cuidado que te vão tirar!Se te dizem “vamos tirar”, cuidado que te vão tirar o dobro do que te disseram!Se te dizem “queremos a mudança”, cuidado que vai ai mais do mesmo!Se te dizem “contamos contigo”, cuidado que vais ser esquecido!Se te dizem “a crise acabou”, cuidado que ela vai começar!

Aqui quem muda é a merda, porque as moscas são sempre as mesmas…

Se os Nojistas queremos fazer desaparecer,só há uma maneira de o fazer.Pega numa pá bem grandee ao escaravelho dá-los de comer!

Assim falou o Velho Ancião lá para os lados do Marão…


sexta-feira, 24 de agosto de 2007

Comportamento Para-Suicída



“Se eu quisesse sacudir esta árvore com as minhas mãos, não o conseguiria. Mas o vento, que nós não vemos, atormenta-a e verga-a para o lado que quer. É por mãos invisíveis que somos vergados e atormentados da pior maneira.” (Nietzsche, Assim falava Zaratustra).
Comportamento para-suicída, que faço eu? Destruição consciente, desejo consumir-me como um fósforo no angustiante cinzeiro?!
Corrida infernal e ilusória para algo que não vejo, para um caminho para o qual não sei o atalho… junto apenas o essencial. Caneta, papel, um livro e uma muda de roupa e é claro o meu lenço.
Coloco a mochila às costas, dou o primeiro passo, hesito… olho para trás e vejo-te, os teus olhos quentes não enganam, não queres que vá. Prego o olhar no chão, nesse espelho da vida… não, não posso pedir-te tanto, já te pedi demais… tenho que faze-lo sozinho.
Egoísmo muitos lhe chamar-lhe-ão, vontade chamar-lhe-ei eu… os passos vagarosos iniciam a marcha como uma velha locomotiva a carvão, mas depois de colocada em movimento, não parará por nada, nem por ninguém…
O vento frio endurece-me a determinação e as pedras fortalecem-me o desejo. O que faço eu? Não sei! Ou melhor, não sei o que quero, mas sei o que não quero! Não quero um cinzeiro, não quero ficar, não quero a inércia, não quero a multidão, não quero manter-me, não quero parar, não quero arrepender-me de me ter arrependido.
O caminho agreste agrada-me, pois é bem mais fácil do que aquele que faço todos os dias. Ao saltar um ramo, tropeço, a boca fica-me a saber a terra, o sangue escorre e sinto o sabor… é sinal de que estou vivo… levanto-me e com um sorriso trocista grito aos ouvidos da vida “ não consegues fazer melhor que isto, até me dás dó!”
Continuo com um passo cadenciado, primeiro o direito e depois o esquerdo, não tem nada que enganar… parece fácil não é… mas caminhar de uma forma vertical não é para todos, a vida vai-nos colocando fardos, testando-nos, moldando-nos e tentando vergar-nos, até ao ponto em que só conseguimos ver o nosso próprio umbigo, o horizonte deixa de existir e ficamos limitados a um pequeno orifício, podia ser o cu, mas não, é o umbigo.
Por isso parti, parti porque não quero mirar o meu umbigo, prefiro contemplar os incertos campos do desconhecido. O talvez, o podia ter sido, o isso é que era, não me cativam! Quero correr para a mudança, quero aquilo de que tantos fogem e muitos têm medo, quero a felicidade!
Um som entediante faz-se ouvir, abro os olhos, são horas de me levantar… e partir!

sexta-feira, 17 de agosto de 2007

Sentimentos Modelados pela Sociedade


Será hipocrisia, desejo, crime… o que interessa?! É algo nosso…
Pensas não, mas o corpo acena que sim.
O perfume desperta-lhe um instinto quase primitivo de explorar, de descobrir, de possuir!
Olhos nos olhos, pele com pele, as “ânsias” aumentam. O suor escorrega pelas costas curvadas pela culpa… enquanto soltam um gemido agridoce. Provam-se, saboreiam-se, mas a sociedade modela-lhes os sentimentos.
As mãos interligam-se, os pensamentos fundem-se num longo ritual de sensualidade e tentação. Quem resiste, quem será o primeiro a ceder, quem vai dizer que sim…? Desinibição pujante, sorriso catita, propagação de pecado…
Fuga da realidade, ilusão difusa, sonho delirante… será que querem acordar? O povo é sábio, não há mal que sempre dure e bem que nunca acabe.
Estranha atracção, diferente forma de estar, divergente da sociedade que lhes modela os sentimentos... fecham os olhos a respiração acalma de todo aquele frenesim… talvez… talvez noutra vida fosse possível…


quarta-feira, 1 de agosto de 2007

Voltei a salvar uma vida e mais uma vez não fiquei contente...!


"Não temo a morte ou a dor! Temo uma jaula. Ficar atrás de umas grades até que o hábito e a velhice as aceitem e toda a hipótese de coragem fiquem para além de alcance ou desejo."
Senhor dos Anéis (As Duas Torres).

domingo, 10 de junho de 2007

Só a TI quero!

Passeando pelas ruas de Lisboa à noite penso, relembro-me, reflicto… em como Te quero.
Quanto mais meninas conheço mais gosto de Ti, disse eu certo dia com um sorriso de garoto a quem lhe foi dado uma guloseima… não que as meninas que tenha conhecido não sejam bonitas, ou pouco interessantes, ou mesmo antipáticas… mas só Tu tens aquele sorriso de luar que me faz brilhar o olhar.

Os Teus olhos de um castanho claro, cuja claridade é reflexo de um coração puro quase imaculado, de uma menina, senhora mulher.

Adoro quando me contas histórias intermináveis com milhares de personagens… gosto de Te ver comer, a forma graciosa como manejas os talheres parece teceres uma teia na qual eu já cai… surpreendes-me com a Tua perspicácia, consegues desnudar uma pessoa à Tua frente e traduzi-la em meia dúzia de palavras… e sabes que mais… tens razão!

As Tuas pequenas mãos tocam-me pausadamente e com carinho, como se estivesses a tocar piano… não pares continua a tocar o recital.

A Tua pele ebúrnea deleito-me ao percorrer as curvas torneadas e tentadoras do Teu corpo.

Os lábios que raramente vêem batom e que ficam ressequidos quando o tempo urge e o beijo não surge. Para dar o toque final, os cabelos. De um castanho-escuro da cor da terra, é nele que quero ser enterrado, é nele que estou enterrado.

Só a Ti me confesso… passeio sozinho na noite de Lisboa porque gosto de sentir a cidade a adormecer, gosto de passear nos locais que de dia são infernais e que durante a noite se pode escutar o silêncio.

Gosto de ir ao cinema Quarteto à última sessão e ter uma sala só para mim, para poder chorar, rir, indignar-me, revoltar-me como se estivesse em casa. Gosto de saborear o meu cachimbo (eu sei que faz mal, estou a tentar mudar) e sentir o frio e o nevoeiro a passarem por entre os cabelos alguns deles já grisalhos, desgastados pelas injustiças da vida.

Gosto de ver as fachadas dos prédios e tentar memorizar cada traço.

Gosto de à noite ir comer bolos acabados de fazer… mas o melhor não é eu gostar! O melhor é Tu compreenderes-me, aceitares-me e gostares de mim como eu sou, tal e qual como aquele cliché “sem corantes, nem conservantes”… Abençoada sejas!

Bem ditas meninas que tenho conhecido, pois a elas devo grande parte do amor que gosto e que nutro por Ti!