quinta-feira, 22 de fevereiro de 2007

A-mor-zi-nho


Escrevo, mas não sei porquê?!? Ou talvez saiba, talvez tenha mais consciência do que realmente penso e desejo.

Escrever é um arte! Abençoado aquele que tem o dom de "brincar" com as palavras. Abençoado aquele que consegue passar para o puro papel branco, os seus mais obscuros e secretos pensamentos. Abençoados aqueles que podem ler e entender aquilo que o bico da caneta escreve.

Senti uma vontade quase incontrolável de escrever. Mas o quê? Eu sei o quê?!? A vida? É ela a causadora, é sobre ela que eu escrevo.

No outro dia enquanto preparava o meu cachimbo olhei para uns livros algo desarrumados e para uns postais. Postais esses que se encontravam imóveis, ignorados, esquecidos. Alguns escritos há mais de 30 anos. Neles pôde ler juras de amor, troca de beijos e abraços, promessas de amor eterno. Senti amor entre duas pessoas que estavam longe uma da outra, mas que ambicionavam reduzir as distâncias. Palavras como meu amor, saudoso amor, minha querida... e muitas mais. Mas houve uma palavra que me fez estremecer, me fez tremer... não foi a palavra morte, abandono, nem mesmo adeus. Foi o conjunto de sílabas que constituem a palavra... Amorzinho! Se quiseres dizer esta palavra e a pronunciares lentamente, não poderás negar que ela está cheia de ternura, compreensão, amor, carinho e erotismo. E porque é que eu fiquei assim ao ler aquela palavra? Pois também eu a pronuncio, dando-lhe o devido significado. Estou ciente que aqueles que as escreveram no papel também lhe davam o devido valor. Mas passados 30 anos, as palavras são outras! Palavras mais rudez são proferidas. Atitudes incorrectas são tomadas e o respeito é quase abandonado. Talvez agora percebam o meu receio, o significado do meu temor. Tenho medo de me tornar em algo que renego. Tenho medo de nunca mais pronunciar esta palavra que tanta felicidade me proporciona... Amorzinho! O que leva duas pessoas que após 30 anos, tudo aquilo que escreveram no papel não passe de diluídas recordações?

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